Um novo governo mundial que pode destruir as nações
Um novo governo
mundial que pode destruir as nações
Por Julio Severo
Com o medo do terrorismo espalhando-se pelo mundo inteiro, as
nações hoje clamam por uma união internacional para eliminar a
ameaça dos atentados. Alguns acham que só um governo mundial
poderia dar mais segurança, paz e justiça e dirigir a
humanidade nestes tempos difíceis. E quando pensam em um
governo desse tipo, autoridades de vários países concordam que
só a Organização das Nações Unidas (ONU) tem as qualificações
necessárias. O que realmente pode acontecer se a ONU ganhar
mais autoridade para agir como um governo mundial?
Ainda que a ONU não esteja governando o mundo diretamente
agora, poucas pessoas estão conscientes da sua crescente
influência em cada país. Pouca gente sabe que as agências
dentro do sistema da ONU estão envolvidas em uma campanha para
minar os alicerces da sociedade - a família constituída por um
pai e uma mãe casados, as religiões que apóiam a importância
vital do casamento e da moralidade sexual tradicional e as
estruturas legais e sociais que protegem essas instituições.
Utilizando o acobertamento político dos acordos internacionais
que promovem os direitos das mulheres e das crianças, a ONU
está influenciando cada país a mudar suas leis e constituições
para adotar planos que acabarão afetando de modo negativo a
vida das mulheres e das crianças.
Esses planos são preocupantes, pois a ONU, em sua Declaração
Universal dos Direitos Humanos, proclama: “A família é a
célula natural e fundamental da sociedade e tem direito à
proteção da sociedade e do Estado 1”. Além disso, a ONU sempre
incluiu em seus acordos e documentos termos que reconhecem o
direito de cada país determinar suas normas e práticas
culturais.
Mas esse respeito da ONU para com a soberania das nações
está-se enfraquecendo, enquanto agências dessa organização
colocam em ação planos para mudar as sociedades,
principalmente por meio da Convenção dos Direitos da Criança (CDC)
2 e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres (CEDAW – sigla do original em
inglês Convention on the Elimination of All Forms of
Discrimination Against Women) 3. Relatórios de agências da ONU
recomendam que cada país:
• Elimine suas leis que proíbem a prostituição, possibilitando
assim a sua legalização4.
• Torne o aborto um “direito livre” protegido por leis
nacionais e internacionais, dando às adolescentes acesso
irrestrito e tornando a falta de serviços de aborto um crime
em todos os casos 5.
• Diminua a importância do papel das mães e aumente os
incentivos para elas trabalharem fora em vez de permanecerem
no lar para cuidar dos filhos 6.
• Diminua a autoridade dos pais e ao mesmo tempo aumente os
direitos das crianças.
Não há dúvida de que esses planos da ONU colocam em risco o
direito natural das famílias, os direitos dos pais, a
soberania nacional e a livre expressão das convicções e
valores cristãos. Os comitês da CDC e da CEDAW podem até
insistir no fato de que suas recomendações levam em
consideração os melhores interesses das crianças e das
mulheres, mas a realidade mostra outro quadro.
Os planos da ONU para estabelecer novas normas sociais
A família sempre recebeu tratamento especial por causa de seu
importante papel na sociedade. Muitas declarações e acordos do
início da ONU respeitam a família e a liberdade religiosa e
reconhecem que o governo não tem a capacidade de substituir o
papel da família na sociedade. Por exemplo, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos especifica: “O papel da mulher
como mãe e a infância têm direito à assistência especial7”.
Esse direito dá às mães condições de cuidar de seus filhos no
lar e as protege de políticas sociais que: (a) tiram de seus
maridos as condições de sustentar uma família com um salário
digno e (b) forçam as mães a deixar o lar e os filhos a fim de
trabalhar fora.
Um dos acordos da ONU diz:
• Deve-se dar à família a mais ampla proteção e assistência
possível8.
• Os países… devem respeitar a liberdade dos pais… de escolher
para seus filhos escolas diferentes das escolas estabelecidas
pelas autoridades públicas… e devem garantir a educação moral
e religiosa de seus filhos conforme as convicções pessoais dos
pais 9.
Contudo, várias agências da ONU estão tentando forçar os
países a implementar uma interpretação diferente e radical dos
acordos sobre os direitos das mulheres e das crianças.
Minando o papel fundamental da família
As pesquisas na área da ciência social mostram que a família
natural é aquela em que crianças são criadas por um pai e uma
mãe casados. Todas as outras formas de família apresentam
ligações com elevados índices de crime, nascimentos
ilegítimos, dependência de serviços de assistência social,
vício de álcool e drogas, níveis baixos de educação, renda
inferior, menos saúde e uma expectativa de vida menor. Filhos
que nascem fora do casamento sofrem um risco mais elevado de
mortalidade infantil, principalmente no caso de mães
adolescentes. Eles desenvolvem mais lentamente a capacidade de
se comunicar e aprender, têm problemas emocionais e
comportamentais e, na adolescência, se envolvem com crimes10.
A ciência social também documenta os efeitos do divórcio nas
crianças11, os quais incluem delinqüência juvenil, abuso
infantil, pobreza, envolvimento sexual precoce, índice elevado
de nascimentos fora do casamento e índices elevados de
coabitação com “namorados”.
De que modo a ONU está querendo levar as famílias nessa
direção destrutiva? A Concerned Women for America (Mulheres
Preocupadas com o Bem-Estar dos EUA), organização evangélica
fundada pela conhecida escritora Beverly LaHaye, mostra: “A
CEDAW mina a estrutura da família tradicional nas nações que
respeitam a família. A CEDAW declara: ‘É necessário mudar os
papéis tradicionais dos homens e das mulheres na sociedade e
na família para se alcançar a plena igualdade entre homens e
mulheres’. A CEDAW também requer que os países tomem todas as
medidas apropriadas para ‘modificar os padrões sociais e
culturais de condutas masculinas e femininas, a fim de que
sejam eliminados os preconceitos com base nos papéis
masculinos e femininos’. Para implementar esses objetivos, a
CEDAW exigiu, por exemplo, que o pequeno país europeu do
Luxemburgo mudasse suas ‘atitudes estereotipadas que tendem a
mostrar os homens como chefes de família e responsáveis pelo
sustento da casa e as mulheres principalmente como donas de
casa12”.
Minando os papéis e os direitos dos pais
Gary Becker, professor da Universidade de Chicago, diz em sua
pesquisa que, “ainda que o marido tenha uma renda trabalhando
fora, a esposa desempenha um papel econômico mais importante
do que o dele, com relação à família e à comunidade, quando
ela permanece no lar para criar filhos felizes e saudáveis13”.
Entretanto, os relatórios mais recentes da ONU instruem as
nações a eliminar, mediante legislação, as normas culturais
que apóiam o papel das mães no lar. Em vez de protegerem a
posição das mães que escolhem permanecer no lar para cuidar
dos filhos, os relatórios da ONU recomendam, com o pretexto de
elevar a condição das mulheres e reduzir a discriminação,
políticas que as afastem de seu trabalho como mãe no lar.
Um relatório da CEDAW, por exemplo, mostrou-se “preocupado
porque o Artigo 41.2 da Constituição Irlandesa reflete uma
‘visão estereotípica do papel das mulheres no lar e como mães
14”. Afinal, o que é que a Constituição Irlandesa diz que está
incomodando tanto a ONU? Veja: “O Estado, pois, se compromete
a proteger a família em sua constituição e autoridade como a
base necessária da ordem social e como indispensável ao
bem-estar da nação e do Estado. De modo particular, o Estado
reconhece que com sua vida no lar a mulher dá ao Estado um
apoio sem o qual não se poderia alcançar o bem comum. O
Estado, pois, se empenhará para assegurar que as mães não
sejam obrigadas por necessidades financeiras a trabalhar fora,
negligenciando assim seus deveres no lar15”.
Além disso, a CEDAW recomendou que o governo da Armênia
utilize as escolas públicas e os meios de comunicação para
combater o estereótipo tradicional da mulher no papel de mãe16.
A CEDAW também criticou a Bielo-Rússia pela “ampla aceitação
de estereótipos de papéis sexuais, tais como… símbolos como o
Dia das Mães… que encorajam os papéis tradicionais das
mulheres17”. Assim, a ONU deixa claro que as mulheres
profissionais que trabalham fora do lar têm uma posição social
mais elevada do que as esposas que permanecem no lar.
Creches do Governo como mães substitutas
Para empurrar mais mães para o mercado de trabalho fora do
lar, os relatórios da ONU insistem em que cada país mude suas
leis a fim de garantir: Ampla disponibilidade de creches para
recém-nascidos e o estabelecimento de educação pré-escolar
para criancinhas (outra forma de creche estatal).
Os comitês que atuam na ONU estão sempre pressionando as
nações a aumentar o número de creches financiadas pelo
governo, apesar da imensa quantidade de pesquisas que mostram
que a maioria das mães prefere permanecer no lar para criar
suas criancinhas e que crianças criadas fora do lar muitas
vezes sofrem conseqüências negativas por muito tempo. Por
exemplo, um estudo recente realizado pela Fundação Nacional do
Canadá para a Educação e Pesquisa da Família constatou que em
média as crianças criadas em creche têm um comportamento
emocional, intelectual e social pior do que as crianças
criadas no lar18.
Com relação à Alemanha, a ONU mostrou-se insatisfeita com o
fato de que, por causa do cuidado de crianças pequenas, as
esposas estavam tendo dificuldade de se dedicar a uma
profissão fora do lar. Então revelou a necessidade de se criar
creches para criancinhas de 0 a 3 anos19.
A Concerned Women for America afirma: “A CEDAW mina a
importância do papel dos pais na criação dos filhos. A CEDAW
declara que em assunto de família ‘os interesses das crianças
serão supremo’. Contudo, quem é que vai decidir os ‘melhores
interesses’ das crianças? Com relação a essa questão, a CEDAW
deixou claro que é o governo, não os pais, que sabe melhor
como lidar com as crianças. O Comitê da CEDAW ridicularizou o
governo da Eslovênia porque só 30% das crianças com menos de
três anos estavam em creches. Os restantes 70%, afirmou o
Comitê, estavam perdendo as oportunidades sociais e
educacionais que as creches oferecem20”.
Aumentando os direitos das crianças
A Declaração Universal dos Direitos Humanos manifesta: “Os
pais têm o direito prioritário de escolher o tipo de educação
que será dada a seus filhos21”. Além disso, todos os países
sempre protegeram e respeitaram o papel dos pais na formação
do caráter dos filhos. Apesar disso, a ONU está buscando
maneiras de alterar as leis de cada país na área dos direitos
dos pais com relação aos filhos.
Os comitês da ONU estão influenciando os países a dar às
crianças:
• O direito à privacidade, até mesmo dentro da própria
família.
• O direito a aconselhamento profissional sem o consentimento
ou orientação dos pais.
• O pleno direito ao aborto e aos anticoncepcionais, até mesmo
em violação da ética e desejos dos pais.
• O direito a total liberdade de expressão no lar e na escola.
• Os meios legais para desafiar na justiça a autoridade dos
pais no lar.
• O direito à privacidade estabelece paredes legais entre pais
e filhos dentro do próprio lar. Normalmente, quando os filhos
demonstram comportamento rebelde, a sociedade dá aos pais
liberdade para aplicar disciplina. Mas a ONU está tentando
estabelecer, por meio de políticas e leis, condições que
promovem esse tipo de rebelião. A Focus on the Family (Valor
para a Família), organização evangélica fundada e presidida
pelo Dr. James Dobson, alerta: “[A CDC] parece algo bonito e
inocente, mas o que não estão dizendo é que [esse documento] é
um plano radical das Nações Unidas para usurpar as
responsabilidades dos pais 22”.
A Concerned Women for America também dá seu alerta: “A CDC vai
muito além de simplesmente proteger… Intromete-se nos assuntos
pessoais da família, colocando os filhos contra os pais. Com
relação à disciplina física… alguns pais se queixam de que a
CDC está roubando seu direito de criar seus filhos de um modo
disciplinado. A preocupação dos pais é que se aplicarem
disciplina física eles serão levados a julgamento. A
experiência em outros países prova que sua preocupação tem
fundamento. A ONU criticou o Canadá duas vezes (em 1995 e
2000) por permitir legalmente que os pais disciplinem os
filhos fisicamente. Em 2001, a pedido de assistentes sociais,
a polícia canadense tomou sete crianças, de idades entre 6 e
14 anos, de seus pais evangélicos. As crianças choravam e
protestavam enquanto a polícia as arrastava para fora de casa.
O tribunal só deu permissão para as crianças voltarem para
casa depois que os pais concordaram em não mais aplicar a
disciplina física nos filhos. O Rev. Henry Hildebrandt, pastor
da família, explicou para as autoridades que os pais estavam
apenas obedecendo ao que Deus diz em Provérbios 13.24: ‘O que
retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo o
disciplina’ (RA). Ele afirmou que o significado dessa passagem
é que os pais precisam aplicar a disciplina física nos filhos,
porém deixou claro que esse versículo não é uma autorização
para causar ferimentos nas crianças. Quando as autoridades
começaram a questionar mais pais evangélicos, 26 mães e 74
crianças fugiram para os Estados Unidos… A única coisa que a
CDC garante é uma base excelente para as organizações de
esquerda separarem os filhos das famílias que vivem uma vida
religiosa ou moralmente íntegra 23”. Seguindo a CDC, Portugal
criou uma lei proibindo os pais de disciplinarem os filhos
fisicamente.
A CDC dá tantos direitos às crianças que os pais poderiam ser
impedidos de proibir os filhos de ver pornografia no
computador ou na TV24. Se esses direitos passarem a fazer
parte das leis nacionais, os filhos poderão ganhar fácil
acesso à assistência legal para desafiar os pais nos
tribunais. No Brasil, há o Estatuto da Criança e do
Adolescente, que indivíduos radicais nos EUA vêem como
instrumento para minar a autoridade dos pais.
Em um relatório, o comitê da CDC explica que “está preocupado
com as leis que não permitem que as crianças, de modo
particular os adolescentes, busquem aconselhamento médico ou
legal sem o consentimento dos pais25”. O aconselhamento para
crianças inclui conselhos sobre anticoncepcionais e até mesmo
encaminhamento para serviços médicos de aborto sem a
orientação dos pais, como já ocorre em alguns países
“avançados”. Na área de aconselhamento, a ONU tenta afastar as
crianças da direção moral direta dos pais, apesar de que uma
recente pesquisa da Revista da Associação Médica Americana
mostrou que quando os pais não dão nenhuma liberdade para que
seus filhos se envolvam com anticoncepcionais e sexo fora do
casamento, as adolescentes são protegidas, de forma eficiente,
do risco de engravidar e ter um filho fora do casamento26.
A ONU sente-se muito incomodada com a liberdade que os pais
têm para guiar a educação moral de seus filhos. Em 1995, o
comitê da CDC repreendeu o Reino Unido por permitir que os
pais retirassem seus filhos das aulas de educação sexual por
causa de conteúdo impróprio e imoral27.
Por que tanto empenho para que as crianças não percam as aulas
de educação sexual nas escolas? Lynette Burrows, líder
pró-família no Reino Unido, alerta sobre os grupos que estão
apoiando a ONU em sua busca de maior liberdade para as
crianças: “Quem mais apóia os ‘direitos das crianças’ são as
organizações homossexuais e de pedófilos [indivíduos que se
envolvem sexualmente com crianças], que percebem que o modo
mais fácil de obter acesso às crianças é reivindicando sua
liberação, expondo-as assim à conduta predatória dos que
querem lhes fazer mal28”.
Mudando as normas sexuais da sociedade
Para a sociedade é muito importante canalizar para o casamento
a sexualidade, a paternidade e a maternidade. Tal norma
cultural garante, melhor do que reformas sociais e leis, a
redução da violência contra as mulheres e as crianças. Garante
também índices mais baixos de crimes, maior união social,
maior longevidade, melhor saúde, níveis mais elevados de
educação e renda e menos casos em que bebês inocentes passam
pela experiência infeliz de nascer fora do casamento e de ser
criados sem um pai natural 29.
No entanto, quando promovem serviços de aborto, contracepção
para crianças e adolescentes, redefinições de gênero,
prostituição e educação sexual pornográfica nas escolas, as
políticas da ONU estão também promovendo o sexo fora do
casamento como uma norma cultural aceitável.
Dar anticoncepcionais para adolescentes é uma questão bastante
polêmica, principalmente quando o governo defende que os
menores tenham acesso mesmo contra a vontade dos pais. A ONU
publica numerosos relatórios sobre educação sexual para
crianças e adolescentes, encorajando abertamente o uso do
controle da natalidade e da camisinha. Mas o que é
interessante é que nenhum desses relatórios propõe a
abstinência sexual antes do casamento. Em vez de colaborar com
os pais na formação moral das crianças, os comitês da CEDAW
sempre deixam claro que as adolescentes devem ter acesso total
aos anticoncepcionais e aos serviços médicos de aborto, sem a
permissão dos pais.
Os comitês da ONU há muito tempo buscam proteger a prática do
aborto nas leis de cada país. Esses comitês defendem a posição
de que a autoridade dos pais não seja levada em consideração
quando, por exemplo, um conselheiro de escola pública
encaminhar uma adolescente a um serviço médico de aborto.
Assim, a privacidade das famílias sofre uma invasão cruel da
autoridade do governo.
Os comitês da ONU chegam ao ponto de atacar as leis que dão
liberdade de consciência aos médicos que, por motivos
religiosos ou morais, não aceitam realizar aborto em uma mãe.
Por exemplo, a ONU “expressou especial preocupação com o fato
de que há poucos serviços de aborto disponíveis para as
mulheres no Sul da Itália, por causa da elevada incidência de
médicos e equipes de hospitais que escolhem não participar por
motivos de consciência 30”. Chega a parecer que a ONU deseja
que sejam tomadas medidas contra esses médicos.
Redefinindo gênero: reconstruindo as normas sociais
A ONU está determinada a remover toda estrutura cultural e
legal que protege a paternidade e a maternidade naturais e a
criação de crianças em famílias onde o pai e a mãe são
legalmente casados. Os comitês da ONU recomendam:
• Combater os papéis sexuais tradicionais e os estereótipos.
• Definir gênero como simplesmente uma invenção social, não
uma diferença biológica.
• Reescrever os livros escolares e os currículos de todas as
séries escolares para promoverem a nova definição de gênero.
• Financiar estudos de gênero que promovam atitudes mais
tolerantes para com estilos de vida sexual diferentes.
• Realizar campanhas públicas para promover as questões de
gênero.
Para a maioria das pessoas, gênero é a diferença biológica
natural entre o homem e a mulher. Mas os relatórios da ONU
tentam dar outra interpretação: gênero é uma “invenção
social”, isto é, os papéis que os homens e as mulheres
desempenham foram criados pela sociedade e não têm nenhum
valor. Por exemplo, esposas que permanecem em casa para cuidar
dos filhos enquanto os maridos trabalham fora são uma invenção
da sociedade. Em uma sociedade “justa”, os homens também
deveriam permanecer em casa para cuidar dos filhos enquanto as
esposas trabalham fora para sustentar o marido e os filhos. O
termo gênero também envolve a aceitação do estilo de vida
homossexual.
Referindo-se a uma conferência da ONU sobre os direitos das
mulheres, o Dr. James Dobson, líder evangélico em assuntos de
família, disse: “O que se pretende é uma nova maneira de ver a
sexualidade humana… A identificação sexual, dizem os radicais,
é algo que a sociedade impõe sobre as crianças… Certa
escritora feminista expressou isso assim: ‘Embora muitas
pessoas achem que os homens e as mulheres são a expressão
natural de um plano genético, gênero é um produto do
pensamento e cultura humana, uma construção social que cria a
verdadeira natureza de todas as pessoas’. Em outras palavras,
as únicas diferenças biológicas entre homens e mulheres são
características externas relativamente insignificantes.
Portanto, se protegermos as crianças de todo tipo de
condicionamento social e religioso, as pessoas serão livres
para trocar de papéis de gênero existentes conforme
preferirem. Ao levar esse conceito para sua conclusão ilógica,
os radicais querem dissolver os papéis tradicionais das mães e
dos pais… Depois que as características femininas e masculinas
não mais puderem ser protegidas como direitos civis, tudo
sobre a diferença sexual mudará. O governo decretará leis
dividindo todas as responsabilidades familiares meio a meio.
Decretará que todas as empresas deverão ter 50% de mulheres e
50% de homens em cada um de seus postos de trabalho. O
exército também deverá ser dividido de maneira igual entre
homens e mulheres, inclusive para missões de combate
terrestre, e as moças deverão automaticamente, ao completarem
18 anos, se alistar no serviço militar. Não se aceitará
absolutamente nenhuma diferença entre os sexos. Em resumo, a
diferença entre a masculinidade e a feminilidade desaparecerá
completamente das culturas do mundo. Contudo, é claro que há
um problema espinhoso com essa opinião unissex. Ela contradiz
Gênesis 1.27, onde lemos: ‘Criou Deus, pois, o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou’
(RA). Ignora também as palavras de Jesus, que disse: ‘Não
tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e
fêmea…’ Então ele disse: ‘Portanto, deixará o homem pai e mãe
e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne’ (Mt
19.4-5 - RC)31”.
A ONU está decidida a redefinir os padrões sexuais por sua
interpretação do termo gênero. Essa redefinição tem dois
objetivos: eliminar os estilos de vida masculinos e femininos
tradicionais e promover como normal estilos de vida diferentes
do masculino/feminino natural. Junto com a obscura palavra
gênero, a ONU vem procurando incluir em seus documentos outro
termo polêmico, orientação sexual, que os ativistas gays usam
para defender suas práticas sexuais. O que acontecerá quando
os papéis sexuais tradicionais forem eliminados? O Dr. Dobson
diz: “Sendo liberto de seus preconceitos tradicionais, um
indivíduo poderá decidir se quer ser homem, mulher,
homossexual, lésbica ou transexual. Alguns vão querer tentar
todos os cinco estilos sexuais32”.
A Concerned Women for America comenta: “O Comitê da CDC
incentiva as nações a acabar com a chamada discriminação de
‘gênero’, que é uma estratégia para favorecer as meninas sobre
os meninos e normalizar a homossexualidade como equivalente
moral da sexualidade normal33. Para combater a ‘discriminação
contra as mulheres’, a CEDAW expressou preocupação pelo
Quirguistão, onde ‘o Código Penal classifica o lesbianismo
como crime sexual’ e ordenou que ‘o lesbianismo seja, em uma
nova concepção, visto como orientação sexual e que toda pena
contra sua prática seja abolida’, independente dos costumes
culturais e religiosos do país34”.
Intolerância para com a liberdade religiosa
As normas morais da Europa e do continente americano estão de
modo geral alicerçadas nas tradições cristãs. Essas normas
sempre foram um forte apoio à família, aos direitos dos pais e
ao comportamento sexual normal. Mas por aceitar as condutas
que o cristianismo proíbe, a ONU percebe que suas políticas
acabarão provocando um confronto com as igrejas cristãs.
No campo dos direitos da mulher, o cristianismo tem sido
atacado pela ONU principalmente por defender atitudes, valores
e ensinos bíblicos que tornam a esposa submissa ao marido.
Em julho de 2001, o jornalista Joe Woodard, do jornal
canadense The Calgary Herald 35, realizou um extenso estudo
sobre a verdadeira postura da ONU com relação às religiões,
principalmente o cristianismo. O estudo cita diversas
personalidades, como, por exemplo, Hermina Dykxhoorn,
presidente da Federação de Mulheres Unidas pela Família no
Canadá. A Sra. Dykxhoorn, que é evangélica presbiteriana,
explicou que em 1996 o diretor geral da Organização Mundial da
Saúde, o Dr. Hiroshi Nakajima, afirmou diante da imprensa que
“as religiões monoteístas não são compatíveis com a nova ordem
mundial”. Ela afirma que a liderança da ONU está muito
incomodada porque o cristianismo enfatiza a santidade da vida
humana, o sexo somente dentro do casamento e a santidade da
família.
Austin Ruse, especialista em direitos humanos de Nova Iorque,
explicou que as agências da ONU trabalham e agem como se
fossem um governo mundial e interpretam os acordos da
organização de maneira radical. Não existe um acordo oficial
na ONU sobre um direito universal ao aborto, mas as agências
da ONU atuam como se existisse. O aborto é um direito sagrado
para eles e sempre é sutilmente incluído nas conferências da
ONU. Geralmente, o aborto é promovido sob o eufemismo de
“serviços reprodutivos” e “saúde reprodutiva”. “Direitos
reprodutivos” também envolve direito ao aborto.
Essas questões não estão distantes do Brasil. Anos atrás,
houve uma tentativa cristã de colocar em nossa constituição
nacional um artigo defendendo as crianças em gestação contra o
aborto legal, mas grupos feministas financiados pela ONU
conseguiram derrotar os esforços dos grupos cristãos36.
A questão moral do aborto coloca em destaque o confronto entre
os valores globais da ONU e os valores cristãos. Os comitês
das ONU também acreditam que os hospitais evangélicos que se
recusam a oferecer serviços de aborto cometem crime de
discriminação contra as mulheres37. Na verdade, mesmo
desconsiderando a tradição cristã, médicos que não realizam
aborto estão apenas seguindo a antiga tradição de Hipócrates,
o pai da medicina, que ensinava os médicos a defender a vida
humana. Mas a ONU tem procurado transformar essa tradição
médica contra o aborto em violação dos direitos humanos das
mulheres.
Nas conferências da ONU há intensos debates para avançar a
questão do aborto, da homossexualidade e da autonomia das
crianças, afastando-as da autoridade dos pais. Para promover a
homossexualidade, os grupos feministas e socialistas na ONU
querem substituir a palavra “família” pela frase “família em
suas várias formas”.
As atitudes da ONU nessas questões demonstram hostilidade não
só contra o cristianismo, mas também contra todos os valores
morais que sustentam a família em todo o mundo38 . Por isso, é
preocupante o fato de que a ONU estabeleceu a Corte
Internacional de Crimes, em que serão julgados todos os casos
que a organização considerar como crime. A principal dúvida é
se os que se opõem ao aborto e ao comportamento gay poderiam
ser levados a esse tribunal.
Para promover apoio religioso às políticas da ONU, há um
movimento de várias religiões dentro da organização chamado
Iniciativa das Religiões Unidas (IRU). A IRU foi fundada em
1995 e trabalha em 58 países. Junto com protestantes e
católicos liberais, a IRU tem como membros bruxas, druidas e
gente do movimento Nova Era. A IRU mistura elementos de todas
as religiões, é hostil aos valores cristãos conservadores e já
declarou que pretende eliminar o “proselitismo religioso em
áreas sob sua influência40” .
Para neutralizar a oposição a seus planos, os comitês da ONU
alegam que apenas querem elevar a condição das mulheres e das
crianças dos países pobres. Mas a Concerned Women for America
alerta: “As mulheres pobres nos países em desenvolvimento
estão lutando para suprir suas necessidades diárias básicas –
educação, saúde, nutrição etc. As feministas radicais dos EUA
e da Europa tiram vantagem da situação infeliz dessas mulheres
para promover direitos sexuais e reprodutivos para as mulheres
e até meninas. Utilizando como pretexto os ‘direitos humanos’
e apelando em favor das necessidades das mulheres dos países
pobres, as feministas insistem em que os governos devem
implementar em seus países os planos da CEDAW”.
O que podemos fazer
A Carta da ONU reconhece que cada país tem o direito de
determinar suas próprias leis. Mas as tentativas de fortalecer
a família e os direitos dos pais pela legislação apropriada em
nosso país estão sob sério risco por causa da interpretação
radical que os grupos feministas e socialistas fazem da CDC e
da CEDAW.
Além disso, quando o governo brasileiro seleciona grupos para
participar das conferências da ONU, somente os socialistas e
as feministas têm se colocado à disposição. Onde estão os
grupos evangélicos a favor da família? É hora de os líderes
evangélicos com interesse no bem-estar da família se
apresentarem oficialmente para participar dessas conferências.
Precisamos representar nosso país lá fora e ajudar a mudar as
políticas globais da ONU. Precisamos ajudar o Brasil a assumir
um posicionamento que:
• Deixe claro para a ONU que os brasileiros são a favor do
direito dos pais, principalmente de fazer decisões com relação
à saúde, educação e criação religiosa de seus filhos. O Brasil
deve envolver-se na defesa do direito fundamental de os pais
dirigirem a educação moral e espiritual de seus filhos, e
também deve fortalecer as leis que protegem a família.
• Não aceite a redefinição dos papéis sexuais mediante termos
ambíguos como gênero e orientação sexual.
• Expresse a vontade do povo brasileiro. Para isso, o Brasil
deve escolher pessoas capazes para representar nossa nação nas
reuniões internacionais da ONU. Em recente encontro, membros
da delegação brasileira, em completa discordância com os
sentimentos e opiniões da vasta maioria do povo brasileiro,
tiveram a coragem de defender a prática do aborto41. O Brasil
merece pessoas mais capacitadas para representá-lo.
A posição do Brasil
A ONU tornou-se instrumento dos grupos feministas e
socialistas que trabalham para reestruturar totalmente a
sociedade. Esses grupos, com suas interpretações radicais dos
acordos da ONU, querem que as nações modifiquem suas leis
nacionais.
O Brasil deve opor-se a essa interferência e trabalhar para
reverter essa tendência, para o bem das famílias, das mulheres
e das crianças. Precisamos incentivar os líderes e os
políticos evangélicos a avaliarem o perigo que as políticas da
ONU representam para a soberania e a estabilidade do Brasil e
precisamos trabalhar juntos para que os direitos das crianças
e das mulheres sejam de fato protegidos42.
Notas:
1 Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 16:
<http://ww.unhchr.ch/udhr/lang/eng.htm>.
2 Veja: http://www.unhchr.ch/html/menu6/2/fs10.htm#ii
<http://www.unhchr.ch/html/menu6/2/fs10.htm>.
3 <http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/reports.htm>
4 Comitê da CEDAW, Segunda Sessão. (2000), “Report on Germany,”
parágrafo 39.
5 Relatório do Comitê da ONU sobre a Eliminação da
Discriminação contra as Mulheres, Sessão 13, à Assembléia
Geral da ONU, sessão 53 (1998), “Report on Croatia,” Document
#A/53/38, Para. 109.
6 Veja Mark Genuis, The Myth of Quality Day Care (Calgary,
Alberta: National Foundation for Family Research and Education,
2000).
7 Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 25,
parágrafo 2.
8 Acordo Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, Artigo 10.
9 Ibid., Artigo 13.3.
10 Veja Patrick F. Fagan, “Rising Illegitimacy: America’s
Social Catastrophe,” Heritage Foundation F.Y.I. No. 19/94, 29
de junho de 1994.
11Para conhecer literatura sobre o assunto, veja Patrick F.
Fagan and Robert Rector, “The Effects of Divorce on America,”
Heritage Foundation Backgrounder No. 1373, 3 de junho de 2000:
<http://www.heritage.org/library/backgrounder/bg1373.html>.
12 <http://cwfa.org/library/nation/2000-09_pp_cedaw.shtml>
13 Becker frisou esse fato, por exemplo, na principal palestra
em uma conferência patrocinada pela ONU em 1998 sobre a
família, em Caracas, Venezuela.
14 Comitê da CEDAW, Sessão 21 (1999), “Report on Ireland,”
parágrafo 193.
15 Veja: http://www.irlgov.ie:80/taoiseach/publication/constitution/english/contents.htm
<http://www.irlgov.ie/taoiseach/publication/constitution/english/contents.htm>
16 Comitê da CEDAW, Sessão 17 (1997), “Report on Armenia”,
parágrafo 65.
17 Comitê da CEDAW, Sessão 22 (1999), “Report on Belarus”,
parágrafo 27.
18 Os pesquisadores realizaram dados de mais de 32 mil
crianças que recebem cuidados fora do lar, até mesmo creches
de qualidade. Veja National Foundation for Family Research and
Education (Canada), “The Myth of Quality Day Care,” April
2000.
19 Comitê da CEDAW, Sessão 22 (2000), “Report on Germany”,
parágrafo 27.
20 <http://cwfa.org/library/nation/2000-09_pp_cedaw.shtml>
21 Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 26, No.
3.
22 <http://www.family.org/cforum/fnif/news/a0018603.html>
<http://www.family.org/cforum/fnif/news/a0018603.html>
23 <http://cwfa.org/library/nation/2001-09_pp_un-conv-child.shtml>
24 Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças, Artigos 13
e 15: <http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/k2crc.htm>.
25 Ibid, parágrafo 14.
26 Michael D. Resnick et al., “Protecting Adolescents from
Harm: Findings from the National Longitudinal Study on
Adolescent Health,” JAMA, Setembro de 1998, p. 830.
27 Comitê da CDC, Sessão 8, Concluding Observations of the
Committee on the Rights of the Child: United Kingdom of Great
Britain and Northern Ireland, CRC/C/15/Add.34, 15 de fevereiro
de 1995.
28 <http://wnd.com/news/article.asp?ARTICLE_ID=23182>
29 Para conhecer as pesquisas sobre essas questões, veja Fagan,
“The American Family.”
30 Relatório do Comitê da ONU sobre a Eliminação da
Discriminação contra as Mulheres, Sessão 17, à Assembléia
Geral da ONU, Sessão 52 (1997), “Report on Italy,” Document
#A/52/38/Rev. 1, parágrafos 353 e 360.
31 Carta do Dr. James Dobson, datada de agosto de 1995, p. 3.
32 Idem.
33 <http://cwfa.org/library/nation/2001-09_pp_un-conv-child.shtml>
34 <http://cwfa.org/library/nation/2000-09_pp_cedaw.shtml>
35 Fonte: LifeSite News Special Report, 20 de agosto de 2001.
36 A Situação da População Mundial 1997 (Fundo de População da
ONU: Nova Iorque, 1997), p. 61.
37 Comitê da CEDAW Committee, Sessão 18 (1998) “Report on
Croatia”, parágrafo 109.
38 Radhika Coomaraswamy, Reinventing International Law: Women’s
Rights as Human Rights in the International Community
(Cambridge, Mass.: Harvard Human Rights Program, 1997).
39 C-FAM, Volume 4, Number 42, 12 de outubro de 2001.
40 <http://cwfa.org/library/nation/2000-09_pp_cedaw.shtml>
41 HLI Reports (Human Life International: Front Royal-EUA),
outubro de 2001, p. 15.
42 Quase metade do material usado neste artigo foi traduzido e
adaptado do documento How U.N. Conventions on Women’s and
Children’s Rights Undermine Family, Religion, and Sovereignty,
de Patrick F. Fagan, The Heritage Foundation, 5 de fevereiro
de 2001. As informações restantes vieram de várias outras
fontes americanas.
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